Luto
“Luto” Que tristes as tardes sem ti, Maçantes, Sem fim. Desatentos olhos Caminham sem direção, Nada os chama, Nada os atrai. Arrisco uns passos, Deito-me de novo Sem força, sem fôlego... Sem gosto. Um aperto estranho, Uma vontade de gritar, De chorar... De estar morto. Há vida sem ti? Será que morri? Decerto, Um pedaço de mim. A janela entreaberta, Um vento cortante, Teimoso, Sem a frescura de antes. O ar que respiro Não preenche o vazio Que sinto no peito. Aqui dentro Ecoa saudade, Vontade, De você. Convencer-me, Não consigo, Então, finjo que vivo. Até a morte, Até lá. Paulinho Meireles