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Calçada

“Calçada” Olhar perdido, Há de ficar, Quem te olhar. Cenas que cá dentro Eu posso falar Outras... Apenas imaginar. Um vento no rosto Faz os olhos deitarem-se E lágrimas ali, Muitas vezes, Vi ou senti. Amizades fizeram-se  lá, Desavenças, também, Momentâneas e constantes. Encontros eternos -por instantes. Despedidas -cheias de saudades. E a simplicidade É o tempero Que tornam vivas Reminiscências tão antigas, Mas tão presentes. Enchem os olhos dos mais insensíveis Que a ti já confidenciou, Mesmo que só no olhar, Os mais puros pensamentos. Contudo, Se o lugar é o mesmo, O cenário é diferente E as histórias também. Paulinho Meireles

Máscara

“Máscara” Que feio O homem por dentro De verdade e puro... Mente-se a todo tempo... Pensamentos, sentimentos... E tudo por quê? Para ter alguém... Que também mente... Sobre o que pensa, Sobre o que sente. E no fim... Um cofre por dentro. Indecifrável, Discutível - até consigo mesmo. E só. Paulinho Meireles

Dúvida

“Dúvida” E surge a dúvida... Quantas já tive? Mas aquela dúvida, Aquela cruel dúvida... E quantas perguntas, Quantas aparecem -só de pensar. Uma dor no peito, Uma agonia... Desvio os pensamentos Para não me torturar. Parece que nunca vai terminar... Não tem para onde correr... Não tenho a quem perguntar. E por mais que jures, Não consigo acreditar. A vergonha me toma, Me consome todo -e por dentro. Acordo cansado, Permaneço deitado. Desejo o fim - de mim mesmo. É a dúvida, A inquieta dúvida... E a verdade me assusta, Estremeço -só de imaginar. Algumas doses, Algumas músicas, O telefone, A saudade, O gozo... A dúvida, A inquieta dúvida. Paulinho Meireles

Pena

“Pena” Ah... minha querida pena, Há quanto me acompanhas, Alegrias e dores, Não me desprezas -nunca. Já desferi golpes Às folhas... Pilhérias, mas, também, Afagos... Caso-me contigo, Tu me entendes Por dentro - e a fundo. Paulinho Meireles

Feira

“Feira” Naquela cidade, De tudo se vendia. Olha a felicidade! Olha a felicidade! Vai uma, moço? No meio da praça, Uma feira. Muito se tinha. Tristeza, paz, alegria... Um precinho irresistível. Na lista, Um pouco de tudo. Não trouxe tanto! Que compro hoje? Liquidação na barraca da esperança! Quanta gente em volta. Arrisco uns passos -desisto. Tilim...tilim... Gotas do telhado... Estranho! Não comprei chuva! Fechei os olhos, Em vão, Tentei voltar ao mesmo ponto, Quem sabe comprar um sonho... Resmunguei alto, Esmurrei a cama. A solidão tem lá suas regalias. Mesmo depois de tanto tempo, Ainda penso O quão bom seria... Àquele sonho voltar -um dia. Paulinho Meireles

Moça

“Moça” Moça, não seria conveniente, Por isso nunca te diria Que morro de vontade de  você E de teus beijos... Morreria,  se soubesse Que morro de vontade De desenhar com meus lábios Em todas as tuas curvas. Precisariam me matar Para que eu dissesse, Que teu sorriso Clareia o meu dia. Por isso, moça bonita, Só se enlouquecesse Diria tudo isso Que trago aqui - comigo. Paulinho Meireles

Enlace

“Enlace” Mãos delicadas, Eu bem sabia, Há tanto longe das minhas. Perfeito encaixe se deu, Sem planejar, Meu corpo cola-se ao teu. Ofegante  respiração Em sintonia com a minha Calada com lábios... Desenho em teu corpo Com minha mão nervosa... É tarde, porém, Vou-me embora -que pena. Paulinho Meireles

Melodiar

“Melodiar” Escrever é algo Subjetivo e único. Não se escreveria hoje Como se fosse ontem Ou amanhã. Implica no dia, Na hora, No espaço, No tempo. Pessoa, hoje, Não escreveria Os mesmos versos. Escrever é como uma onda Que nunca morrerá Na praia duas vezes - não a mesma. É algo que não se explica Que vem de dentro, Que vem de fora... Que não tem fórmula. É ver belo o feio, É descolorir uma manhã ensolarada, É colorir uma noite pálida. É não acreditar No que os olhos veem E criar um novo mundo Para aqueles que leem. É consolar um coração partido, É alegrar-se com o perigo, É ser pai, ser amigo... Ser falso, inimigo. Ser tudo, ser nada, Ser pobre, ter riqueza... Ter dúvidas e certezas... É iniciar no fim, É finalizar no início - sem esquecer-se do meio. É sentir, Sorrir, Chorar, Viver... Findar. Paulinho Meireles

Distração

“Distração” Vez por outra Vêm-me pensamentos diversos.  A minha cabeça parece Um emaranhado de cordas - entrelaçadas. Pego-me em pensamentos Que logo se vão Ao chegar mais outros... Não demora muito... Confundem-se todos. Uma leve tontura Me faz perceber O quanto sou louco, Mas logo... Perco-me em pensamentos - de novo. Paulinho Meireles

Poemar

“Poemar” Num dia triste e cansado, As palavras facilmente vão saindo Alinhando-se umas a outras Como se encontrassem seus pares. E como uma sintonia de instrumentos Que harmonizam uma canção, Vejo-me a pena, Rabiscando vocábulos Que me vêm chegando. Tenho medo de alegrar-me, Não os quero fugindo. Estremeço por dentro, Pareço ouvir uma prazerosa fúnebre melodia Que traz sonoridade No discorrer da minha cria. Paulinho Meireles

Disse me disse

“Disse me disse” Que pena... Menos vale conhecer Que ler rótulos Através de lábios alheios. Prováveis atitudes questionáveis Trazem prazer as rodas E os ventos são brandos - por essas bandas. E as ouças? Não perdem um detalhe. E a boca? Não se importa Em acrescentar alguns. E assim... Uma inverdade Passa a ser fato Quando muitas vezes dita. Que pena... Paulinho Meireles

garoa

“garoa” hum... que preguiçoso dia escurecem as ruas, os carros seguem mais lentos, os olhos piscam devagar um contagioso bocejar contamina a todos e da janela, olho o efeito de uma provável chuva sinto-me espreguiçar - lentamente. um cansaço inevitável uma vontade de nada fazer... um sono... Paulinho Meireles

Chegaste

“Chegaste” Quem acreditaria Que dia após dia Sem espera, sem pressa... Enfim, chegarias. Disfarçadamente, Envolveu-me em ti, Sem ao menos sentir, Deixei-me levar. Assim, sem pedir Entraste em mim. Inconsciente, vi-me Respirar-te... E como ar das montanhas Que entra num pulmão manchado Fez-se, então, a cura De um triste solitário. Paulinho Meireles

Coração de Vaqueiro

Coração de vaqueiro A respiração fica fraca As pernas ... aquela tremedeira... Não é falta de cachaça É a amada passando pela porteira. Vai embora e deixa o vazio O vaqueiro desconsolado Sem vontade de montar Nem na garupa do cavalo. A dor que fica no peito Parece não ter cura   Pois a morena que ele amava Encheu seu coração de amargura. A vida parece não ter sentido Não tem mais o que desejar E quando escuta aquela música Tem vontade de chorar. Os amigos de sempre Tentam animar o peão Mas sabe que só o tempo Vai acalmar o seu coração. Paulinho Meireles